segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Exposição "A cor de um sonho" é recebida hoje pelo Ministério Público Estadual

Exposição itinerante "A cor de um sonho", com pinturas produzidas por crianças de instituições de acolhimento de Campo Grande, estará a partir dessa segunda-feira no Ministério Público Estadual, onde permanece até o dia 02 de dezembro. A exposição é composta por seis livros-arte e uma mostra fotográfica de Moisés Palacios, que retratou os melhores momentos do projeto.

A iniciativa foi possível graças à parceria entre Editora Alvorada, como realizadora, a artista plástica Ana Ruas, que ministrou oficinas de arte para as crianças, e da procuradora de Justiça e escritora Ariadne Cantú. Os trabalhos foram baseadas em seu livro "Enquanto mamãe não vem".

A exposição teve início no Marco (Museu de Artes Contemporâneas) dia 18, passou pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e na última sexta-feira, os livros-arte ficaram à mostra durante dois eventos, o "Espaço da Poesia", no memorial de Cultura e Cidadania da Fundação de Cultura, e "Café Filosófico", no Ateliê Ana Ruas.

Venda do livro será revertida para instituições

No período em que a exposição estiver acontecendo, 30% da venda do "Enquanto mamãe não vem", será revertido para as instituições que participaram do projeto. Para adquirir o livro, basta procurar a própria sede da empresa, rua Antônio Maria Coelho, 623, e na loja virtual, www.editoraalvorada.com.br.

Serviço

De 28.11 a 02.12, exposição permanece no Ministério Público Estadual
Parque dos Poderes – R. Pres. Ferraz de Campos Salles, 214

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Autora apresenta obra Garatujas durante Espaço do Poesia



A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul recebe hoje a obra Garatujas. O evento será realizado no Memorial da Cultura e Cidadania durante o Espaço da Poesia, às 18h30. O livro de poesias é de autoria de Ariadne Cantú e publicado pela Editora Alvorada.

A autora estará presente para falar de como nasceu a obra e dar autógrafos. Como afirma o presidente da Fundação, Américo Calheiros em seu prefácio, "Garatujas vem recheada de deliciosas surpresas. A autora revela mais uma faceta de sua incursão pela literatura, a poesia. Inspirada pelo imortal Mário Quintana, Ariadne, sem nenhum pudor, desnuda sua alma, numa criação que propõe uma interação com o leitor que é convidado a preencher os vazios com sua intervenção. Uma brincadeira com tantos vértices de sentimentos, mas é principalmente, um hino ao amor".

A autora

A procuradora de Justiça, que já publicou outros livros de poesia e crônicas, tem ganhado cada vez mais espaço como escritora. Recentemente sua obra "Retalhos de Verdades" foi lançada na Livraria Cultura, em São Paulo. Foi destaque durante a bienal do livro no Rio de Janeiro, e lançou também "30 Dias", em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde cerca de 100 pessoas compareceram para prestigiar seu trabalho.


"A cor de um sonho"

Além disso, no evento estarão expostos os livros-arte produzidos por crianças de instituições de acolhimento do projeto "A cor de um sonho". Trata-se de uma exposição itinerante, à mostra durante essa semana na Fundação de Cultura de MS.

Durante o projeto, 30% do valor da venda do livro "Enquanto mamãe não vem", eixo-temático do projeto, está sendo revertida para as crianças das instituições. Para colaborar basta adquirir o livro na sede da empresa, rua Antônio Maria Coelho, 623, ou pelo site www.editoraalvorada.com.br.


Serviço

O Memorial da Cultura e Cidadania fica na Fundação de Cultura de Campo Grande, na rua Fernando Corrêa da Costa, 559. Mais informações pelo site www.editoraalvorada.com.br

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Editora lança campanha natalina para presentear crianças de instituições

Para o Natal, a Editora Alvorada está preparando uma campanha especial: "Eu curto ajudar". A idéia é darmos um presente para cada crianças dos abrigos que participaram do projeto "A cor de um sonho". Para isso, precisamos atingir 5 mil fãs em nossa Fan Page. O prazo é até dia 20 de dezembro. 

Serão quase 200 crianças presenteadas de sete instituições de acolhimento de Campo Grande. Curta, comente, compartilhe. Faça parte dessa campanha. Quanto mais pessoas participarem, mais chances temos de fazer do natal dessas crianças muito mais colorido. Clique aqui e curta. 


Além disso, na compra do livro-tema do projeto "enquanto mamãe não vem", de Ariadne Cantú, 30% do valor da venda será destinado também para as instituições. A compra pode ser feita na sede da empresa, Rua Antônio Maria Coelho, 623, ou pelo site www.editoraalvorada.com.br. Participe.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Abertura de exposição itinerante reúne mais de 130 pessoas








Arte, literatura, fotografia, brinquedos, balões, doces, e muito carinho. Isso foi o que crianças de abrigos encontraram ao visitar o primeiro dia da exposição itinerante “A Cor de Um Sonho”. O evento teve início às 09h no Museu de Arte Contemporânea – MARCO e permanece no local até domingo, dia 20.

Além das crianças, a abertura reuniu importantes personalidades, como: Nilza Santos, secretária adjunta da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social - SETAS, Mônica Sueli de Castro, diretora de Proteção Social da Secretaria Municipal de Assistência Social – SAS e Katy Braun, juíza da Vara da Infância, Juventude e Idoso, muito abraçada e reconhecida carinhosamente pelas crianças.


“Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que toda criança tem direito à educação e cultura, pois essa é uma demonstração de acesso a esses direitos. A cultura é muito significativa nesse sentido, ainda mais quando elas são as protagonistas do evento", reconhece Katy Braun.

As crianças são as protagonistas porque foram as convidadas principais, a exposição de arte foi toda produzida por elas, e principalmente porque a iniciativa do projeto “A Cor de Um Sonho” foi inspirada no livro “Enquanto Mamãe Não Vem”, da autora Ariadne Cantú, em que conta a realidade das crianças que vivem em abrigos.


A promoção do evento, desde a realização das oficinas para confecção dos seis livros-arte até a exposição, que deverá correr o Estado, é de assinatura da Editora Alvorada, responsável pela segunda edição do livro “Enquanto Mamãe Não Vem”.


Livros-arte
Caminhos, destinos, encontros e desencontros. “As imagens possuem um brilho próprio, algumas choram, outras gritam... Todas palpitam e sensibilizam, traduzindo a vibração de um tempo de espera distante da família, que, em muitos casos, não há mais como resgatar...”, avalia Denise Silveira Xavier, psicóloga escolhida a dedo para compor os Livros-Arte, em que além das pinturas dos pequenos, reúne fotos, e textos, entre eles apresentação da autora Ariadne Cantú, e da artista plástica Ana Ruas, responsável pelas oficinas em que os livros foram produzidos.

Participaram das oficinas de confecção das obras de arte a Casa Da Criança Peniel I, II e V, Lar Lygia Hans, Lar das Crianças Esperança no Senhor, Lar Vovó Miloca, SOS Abrigo e Casa da Criança Peniel V.

O passeio dos livros-arte vai seguir pelo interior do Estado, mas primeiramente irá para alguns endereços em Campo Grande mesmo. Saindo do MARCO eles ficarão de 21 a 25 na sede da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e depois segue para o Ministério Público. Demais entidades/ instituições e ou organizações que queiram sediar a exposição, basta enviar um pedido de solicitação para contato@editoraalvorada.com.br.

Durante exposição, venda de livro é revertida para instituições participantes do projeto


Livro “Enquanto Mamãe Não Vem”, de Ariadne Cantú, está sendo comercializado no valor de R$ 28,00 e enquanto as obras de arte das crianças estiverem percorrendo o Estado, 30% da venda será revertida para as instituições de acolhimento.

Para contribuir adquira o livro na sede da Editora Alvorada, Rua Antonio Maria Coelho, 623, ou no site www.editoraalvorada.com.br

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Período em que acontece exposição, venda de livro é revertida para instituições



Durante todo o tempo em que a exposição itinerante "A cor de um sonho" estiver acontecendo em Mato Grosso do Sul, 30% do valor de venda do livro "Enquanto mamãe não vem" será revertido para as instituições de acolhimento que participaram do projeto. A exposição itinerante começa dia 18 no Marco (Museu de Artes contemporâneas) e permanece na Capital até o dia 25, depois viaja por Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Ponta Porã.

A abertura da exposição será às nove horas, e os seis livros-arte produzidos pelas crianças ficarão no Marco até domingo, dia 20. A partir do dia 21 seguem para a biblioteca da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, onde permanecem até o dia 25. Ainda na abertura da exposição, diversos brinquedos estarão à disposição para as crianças. No local haverá também uma mostra do fotógrafo Moises Palácios, que retratou os melhores momentos das oficinas.

Para Ariadne Cantú, autora do livro "Enquanto mamãe não vem", a iniciativa de reverter parte das vendas para as crianças transmite a mensagem que seu livro passa, uma maneira da sociedade se engajar de forma mais concreta. "Essas crianças têm uma história muito dura, precisam de atenção e carinho. Essa é uma oportunidade que a sociedade tem para interferir de maneira direta na realidade dessas crianças, de mudar um pouco a situação das instituições de Campo Grande", afirma Ariadne.

Para contribuir, basta adquirir o livro na loja virtual da Editora Alvorada, www.editoraalvorada.com.br ou na sede da empresa, rua Antônio Maria Coelho, 623. O valor da obra é de R$ 28,00.


Produção do livro-arte
Ao todo, cerca de 100 crianças de instituições de acolhimento da Capital produziram as seis obras que "viajam" o Estado. Elas foram realizadas em oficinas ministradas pela arte-educadora Ana Ruas, baseadas no livro da Procuradora de Justiça e autora Ariadne Cantú, publicado pela Editora Alvorada. Durante uma semana, a artista acolheu as crianças e trabalhou com elas oficinas de arte. A artista aproveitou para colher sensações e impressões dessas crianças, que também estão presentes nos livros.

Serviço
Abertura: Marco - Museu de Arte Contemporânea
Data: de 18 à 20 de novembro, com entrada gratuita. A partir das nove horas
O que: Abertura da exposição "A cor de um sonho".

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Exposição Itinerante "A cor de um sonho" começa no próximo dia 18



De 18 a 20 de novembro, no Museu de Arte Contemporânea, estarão expostos seis livros-arte com pinturas de cerca de 100 crianças de cinco instituições de acolhimento de Campo Grande. As obras fazem parte do projeto "A cor de um sonho". No dia de abertura da exposição, dia 18, a partir das 9 horas e durante todo o dia, serão disponibilizados brinquedos e atividades para as crianças. As instituições participantes das oficinas também estarão presentes.

O secretário de Cultura, Américo Calheiros, assim como a secretária de Estado de Trabalho e  Assistência Social, Tânia Garib já confirmaram participação. No local haverá ainda uma mostra do fotógrafo Moisés Palácios, que retratou os melhores momentos do projeto. Após o dia 20, os livros seguem pelo interior de Mato Grosso do Sul.

O projeto



O ateliê da arte educadora Ana Ruas foi onde as pinturas foram feitas. Durante uma semana, a artista acolheu as crianças e trabalhou com elas oficinas de arte, que resultaram nos livros. Ana Ruas aproveitou para colher sensações e impressões dessas crianças, que também estão presentes nas obras. A temática central de "A cor de um sonho" é o livro "Enquanto mamãe não vem", da Procuradora de Justiça de MS, Ariadne Cantú, publicado pela Editora Alvorada. Nele, a autora retrata a dura realidade de crianças que vivem ou vivenciaram algum tipo de abandono e agora traz para elas uma oportunidade de extravasar sua realidade.

Para Ariadne, o nome do projeto, "A cor de um sonho", condiz com o resultado alcançado com ele. “Acredito que a capacidade de sonhar é uma das qualidades mais importantes das crianças. A literatura é capaz de envolvê-las, e agora eles tiveram a oportunidade de criarem seu próprio mundo de fantasia, dando um final mais feliz para suas histórias”, afirma a autora. Dona Josefa Rosa, diretora do abrigo Vovó Miloca, conta que são poucas as oportunidades como essa, de irem a um espaço de arte. “Essas atividades são muito importantes para o desenvolvimento social delas. Além disso, valoriza sua auto-estima, passam a entender que não são diferentes das demais crianças, têm as mesmas vontades, precisam dos mesmos cuidados”.

Durante o período em que as obras estiverem "viajando", será revertido um valor de 30% da venda do livro "Enquanto mamãe não vem" para as instituições participantes do projeto. O livro de Ariadne Cantú está disponível na loja virtual da Editora Alvorada, www.editoraalvorada.com.br e na livraria Le Parole. O valor do investimento é de R$ 28,00.



Serviço

Onde: Marco - Museu de Arte Contemporânea
Data: de 18 à 20 de novembro, com entrada gratuita. A partir das 9 horas
O que: Exposição "A cor de um sonho".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Livraria de São Paulo abre as portas para escritora de Campo Grande




Com um público intimista, composto por Promotores de Justiça, Procuradores e professores universitários, a Livraria Cultura foi anfitriã da Procuradora de Justiça, Ariadne Cantú, na noite de ontem. Entre eles, os Procuradores de Justiça de São Paulo, Paulo Afonso Garrido e Inês Büschel, e os Promotores de Justiça, Roberto Livianu e Laila Shukair. Na ocasião foi lançado o livro "Retalhos de Verdades", da Editora Alvorada.

A obra retrata a dura realidade de crianças vítimas de violências, histórias que a autora vivenciou durante sua atuação como Promotora de Justiça de Mato Grosso do Sul. Esses relatos são narrados na forma de contos, poemas e histórias infantis. “Por mais difícil que seja a situação, a criança tem um jeito diferente de enfrentar a realidade, sempre com esperança e fantasia renovadas a todo instante”, afirma Ariadne.

Na avaliação de Ariadne o evento foi positivo, pois além de rever nomes que atuaram com ela na luta pelo combate à violência e exploração infantil, serviu de presente para uma tentativa de reconciliação de um casal com mais de trinta anos de matrimônio. "Um senhor queria presentear sua esposa, pois havia aprontado com ela. Disse que sua mulher era artista plástica e perguntou se meu livro seria um bom presente. Achei aquilo muito bonito e falei que faria uma dedicatória especial, citando que 'Retalhos de Verdades' seria apropriado para costurar o casamento deles novamente", conta Ariadne.

Com mais de 400 mil livros vendidos, tem ganhado cada vez mais espaço como autora, com obras de poesia, prosa e até mesmo crônicas. Recentemente foi um dos destaques da Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Em Campo Grande, mais de 100 pessoas prestigiaram o lançamento da obra "30 Dias", na Livraria Le Parole, onde já havia lançado também "Planeta dos Carecas". 


 
Serviço: A obra ”Retalhos de Verdades” pode ser adquirida na sede da Editora Alvorada, Rua Antonio Maria Coelho, 623 em Campo Grande, na Livraria Le Parole, Rua Euclides da Cunha, 1.126 também em Campo Grande, e na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos em São Paulo. As vendas também estão disponíveis também no site da editora, www.editoraalvorada.com.br/lojavirtual e no portal da Cultura: www.livrariacultura.com.br . O valor do investimento para todo o território nacional é de R$ 35,00.


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Autora Ariadne Cantú fala sobre o livro Retalhos de Verdades para o blog Mulher 7x7

*Isabel Clemente


Depois de 10 anos à frente da Promotoria da Infância e da Juventude de Mato Grosso do Sul, Ariadne Cantú, gaúcha, 45 anos, mãe de três (16, 12 e 2 anos), tinha uma certeza: vivera as experiências mais transformadoras de toda sua carreira. Mas não as guardou para si. Botou uma parte disso no papel. Seu primeiro livro de crônicas, Retalhos de Verdades, inspirado em histórias de crianças vítimas de maus-tratos e abandono, está sendo relançado pela Editora Alvorada. O título deste post foi tirado de lá. A promotora de Justiça, escritora e poetisa publicou também livros infantis, entre os quais estão Enquanto mamãe não vem, sobre crianças à espera de uma família nos abrigos, e O planeta dos carecas, um abordagem lúdica sobre o câncer infantil.

Em entrevista por telefone ao Mulher7x7, Ariadne revela que, além de não ter perdido um leve sotaque gaúcho, depois de mais de 20 anos no Centro-Oeste, é uma sensível observadora do universo infantil. “Crianças são feiticeiras, te contagiam com coisas boas, como o bom humor”.





A seguir, os melhores trechos dessa conversa.

Quando a senhora começou a escrever inspirada pela experiência de lidar com crianças em situações difíceis?
Ariadne Cantú – Eu sempre escrevi, desde mocinha, mas nunca tinha publicado. A vivência na Vara da Infância me deixava muito aflita, mas, ao mesmo tempo, a infância nos dá essa capacidade incessante de sonhar com algo cada vez melhor. A criança precisa acreditar que dá para ficar melhor. Eu mesma fazia isso, na minha infância. Levava uns molequinhos maltrapilhos da rua para casa, para tomar banho e comer. E eles voltavam outros. Todas as histórias de criança sempre me falavam muito fundo, na minha alma. Na vida profissional, foi forte demais. Eu escrevia para tirar de dentro do meu peito e botar em algum lugar. As histórias de Retalhos de Verdades são cenas congeladas na minha cabeça. Até hoje, e me emociono com elas.

O que a senhora percebeu nesses anos vendo crianças submetidas a situações tão tristes? Elas filtram a realidade para se proteger?
Na verdade, os mecanismos de defesa das crianças não estão desfocados da realidade. Às vezes, a percepção da realidade é muito maior do que as pessoas podem imaginar. Elas lidam de forma clara e concreta com o problema, mas sempre encontram maneiras de enfrentar com essa vontade de acreditar que o sofrimento não é para sempre. Isso eu boto nas crônicas. Lembro de um caso de uma menina, de menos de 8 anos, sem ninguém. A mãe estava internada num hospital psiquiátrico. A menina dizia “tia, eu quero crescer logo porque eu quero ser a mãe da minha mãe”. É uma frase forte. Ela tinha plena noção e queria salvar sua única referência de família, mas teve que ficar num abrigo.

Nesse tempo todo, alguma história lhe marcou mais por algum motivo em particular?
Foram muitas, mas algumas me falam mais alto. O Wellington foi uma vítima de maus tratos bastante severos. Uma das coisas que o padrasto fazia com ele, aos 2 aninhos, era afundá-lo num latão de água para ele acalmar. Sabe quando a criança sai em estado de choque depois de um susto e fica quieto um pouco? Esse menino chegou no abrigo tristinho, e ficou seis meses, até aparecer um casal de holandeses muito afetivo. Reencontrei esse garoto na Holanda, justamente quando ele estava começando a entender que não era filho biológico. Aí os pais ficaram pedindo para ele me dar um beijo e tal. Ele veio, beijou e depois limpou, como fazem as crianças. Os pais ficaram sem graça, mas eu estava satisfeita em ver que, apesar de tudo que ele tinha passado, estava resguardada uma identidade no fundinho do coração dele. Ele tinha vontades, opiniões. Ele já está adolescente e virá ao Brasil conhecer a mãe biológica. Ele foi adotado num processo de destituição de poder familiar, com quase 3 anos.


É sabida a preferência dos casais por bebês novinhos. No caso de crianças pequenas com um passado de maus-tratos, há dificuldades? Os candidatos temem a situação?
Depende do preparo. Hoje em dia está tudo melhor. Eu acompanhei o início do Estatuto da Criança e do Adolescente. Os Ministérios Públicos não estavam bem aparelhados, mas houve uma transformação de realidade. Se o casal é bem preparado, consegue trabalhar de maneira tranquila porque a vontade de ser pai e mãe deve estar acima de qualquer situação. Eu tive casos como o da menina Filomena, que perdeu as duas pernas. Ela foi adotada bebê, por um casal americano, que já tinha adotado um colombiano surdo e um indiano um pouco mais velho. Uma família muito bonita. Aqui no Brasil nós já vemos famílias preparadas para isso.

A burocracia da adoção está preparada para dar essa assistência ao casal, com auxílio de psicólogos, para explicar quais são as necessidades da criança?
Sim, tanto que muitos casais não conseguem adotar porque chegam lá sem pensar no que precisam oferecer, mas no que a criança pode dar. Se a motivação for a incapacidade de ter filhos por causa da idade avança, é uma motivação equivocada. Se é um casal que acabou de perder um filho, mesma coisa. Isso vai ter impactos lá na frente. Levamos muito tempo para chegar à consciência. Tudo isso custou muita injustiça contra as crianças. Eu mesma peguei casais que queriam devolver crianças depois de oito, dez anos. Teve o caso de dois irmãozinhos, adotados ainda bebês de colo que foram levados de volta ao abrigo com 8 e 9 anos. Os meninos entraram debaixo da mesa e ficaram cantando, num transe. Foi horrível. Fomos entender como tinha sido mal conduzido todo o processo. A criança não é um cachorrinho do qual você cansa quando ele começa a fazer cocô pela casa.Tivemos todo um trabalho para mostrar que isso não se desfaz assim. Os meninos voltaram a viver com a família mas tivemos que acompanhar por muito tempo pra ter certeza de que eles não seriam maltratados. Hoje, a lei não deixa fazer isso. Não se pode entregar crianças para casais despreparados. A destituição de poder pátrio segue critérios muito sérios, com direito à ampla defesa. Antes, era o famigerado código de menores. Eu vivi os resquícios desse tempo.

Qual é a pena que pais podem pegar por maltratar os filhos?
Varia. Dependendo dos casos, são enquadrados até como tortura, quando ficam caracterizados afogamento e marcas de cigarro, por exemplo. Tive muitos resultados com prisões preventivas, sobretudo nos crimes de natureza sexual contra crianças.

Quando a senhora ficava cara a cara com um adulto que viola sexualmente uma criança, como fazia para não voar no pescoço da pessoa?
(Ariadne ri) Eu escrevia. Certa vez, eu tinha pedido prisão preventiva de um homem, mas o juiz não deu. No julgamento, o réu começou a fazer uma descrição tão detalhada do crime, que o juiz saiu da sala de tão incomodado que ficou. Eu com o estômago revirado. Deve ter se arrependido de não ter decretado a prisão preventiva. Ao final, o réu saiu do tribunal preso. São relatos revoltantes, mas a prisão é a glória. São tantas situações… avôs violando netas, pais com filhas e até um caso de mãe com um filho de 4 anos eu peguei. A mãe era uma maluca.

A senhora chegou a alguma conclusão sobre o que motiva esses criminosos sexuais?
Uma vez eu assisti a uma palestra sobre pedofilia, de um psiquiatra canadense, num curso da Interpol em parceria com o Ministério Público de SP. E surgiu esse debate, sobre o motivo, sobre porque a maioria dos crimes é praticada por homens, e ele falou algo que ficou na minha cabeça. Ele mesmo disse que muitos discordavam do que ele ia falar, que até a mulher dele, também psicanalista discordava, mas, para ele, era uma questão de fascínio sobre a criança, que foi o início da nossa conversa. É fascinante ver como a criança se desperta para a vida, o senso de humor, é muito lindo. A mulher dá vazão a esse fascínio fisicamente falando ao pegar, amamentar, um universo do qual o homem não participa da mesma maneira. Os desvios de conduto, para ele, viriam daí.

Depois de lidar com a escória da humanidade de tão perto, porque não dá para usar outro termo com quem maltrata e viola crianças, a senhora perdeu um pouco de fé nas pessoas, ou muito pelo contrário?
Eu não deixo nunca de acreditar no ser humano, justamente porque as crianças têm esse poder de transformação. Elas sempre acreditam que tudo pode melhorar. Sempre. Daí eu penso como eu posso melhorar enquanto indivíduo. Não é privilégio meu perceber isso. Todos que trabalham na área da infância vivem de perto essas situações, de dor e sonho. É a realidade de todos os meus colegas Brasil afora. Eu continuo achando que é possível melhorar, como fazem as crianças nas histórias que acompanhei.



Abaixo, um texto do livro Retalhos de Verdades.
Tia, me arruma um pai.
Tia, me arruma um pai, senão eu vou fugir.
Tia, será que ainda não arrumaram um pai para mim?
Tia, pode ser qualquer um, mas tem que ser um pai.
Não precisa assim, ser importante, mas é preciso que saiba fazer pipa, que não beba, nem bata em ninguém.


* Isabel Clemente é editora-assistente de ÉPOCA em Brasília.
matéria disponível em: http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2011/11/07/me-arruma-um-pai/

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Alunos da EJA veem no "Tosco" uma ferramenta de identificação para lidar com os filhos


O livro "Tosco", de Gilberto Mattje, aplicado como material didático em algumas escolas do Estado e também nas UNEI's (Unidades Educacionais de Internação) será adotado em todas as escolas da rede estadual de educação em 2012. Agora, o livro é trabalhado também com alunos da EJA (Educação para Jovens e Adultos), da Escola Estadual Pólo Evanilda Cavassa.

O material aborda a questão da violência, uso de drogas e bullyng com uma linguagem que muito se aproxima dos adolescentes, tornando-se uma ferramenta educacional para os professores que abordam o tema de maneira interessante para os jovens. Já no caso dos alunos da EJA, a identificação passa a ser com os personagens adultos que aparecem ao longo história, como os professores e a mãe do Tosco. Como exemplo, as alunas da 1ª fase Maria Luzia e Roseli Braga, ambas ficaram 25 anos sem estudar e agora, com filhos adolescentes, têm obrigações com a família que vão além de garantirem diplomas.

Maria afirma que a história é uma grande lição para a vida. "Tenho uma filha de 14 anos e duas gêmeas de 11. Hoje em dia é muito difícil conversar com os filhos porque os interesses deles são muito diferentes e a linguagem muda a toda hora, são muitas gírias. Desde que comecei a ler o livro com minha filha, consigo orientá-la a partir dos exemplos da trama. Conversamos bastante sobre o que acontece com o personagem", afirma. Roseli compartilha da ideia, e acrescenta: "Tenho um filho de 19 anos e não quero que ele sofra as mesmas coisas. É o medo de toda a mãe. Essas situações de violência estão expostas na mídia todo dia, temos que combater isso com aproximação, diálogo".

O jovem Rodrigo Rodrigues, também de 19, ficou apenas dois anos sem estudar, mas nunca foi um grande interessado pelos livros. Dentro de sala, sua própria conduta acaba sendo um exemplo para os outros alunos, que muitas vezes tem filhos de sua idade. "Eu reprovei um ano e fiquei mais um parado, mas nunca fui de estudar muito. O "Tosco" é o primeiro livro que eu leio inteiro. E foi bom, agora já estou lendo meu segundo, foi uma porta que eu abri", revela.

Para o final do ano letivo, os alunos estão trabalhando na 2ª edição do livro "Conta que eu Conto", um livro de histórias produzido pelos estudantes de todas as unidades da Escola Estadual Pólo Evanilda Cavassa. Além de Campo Grande, a coletânea terá ainda trabalhos de alunos de Dourados, Três Lagoas, Corumbá e Ponta Porã. Diferente do ano passado, cuja temática foi livre, esse ano o livro será baseado no "Tosco", afirma a diretora da Escola Pólo, Eliete Barros. "Como a receptividade nas escolas foi bastante positiva, iremos abordar todos esses assuntos tratados na obra do Gilberto", afirma Eliete.